Estou me sentindo velha,
Mas não de idade.
Velha, mas não por cansaço.
Simplesmente velha, esquecida.
Velha, desconhecida.
Velha pelas culturas que tenho
Que não mais são usadas.
Velha pela educação que uso
E quase não é aplicada.
Estou simplesmente velha,
Com o coração já gasto
Apesar da pouca idade.
Velha ainda no princípio da minha mocidade.
Velha pelo conhecimento premeditado de muitas coisas.
Velha, por já não acreditar em alguns sonhos.
Da vida, pouco conheço.
Do amor- conheci o pouco que a vida me permitiu.
De lembranças antigas sou como aqueles erros...
que deixaram um pouco delas e levaram um pouco de mim consigo.
Estou me sentindo velha
Ansiosa pelo amanhã ainda desconhecido.
Espero meu sorriso de volta.
Velha por não saber mais sentir coisas bobas - não como antes.
Idade nunca definiu velhice.
E a minha, tão pouco, define imaturidade.
Fui rotulada,
- mas rasgo-lhe os rótulos.
Quem rotula não sabe de nada.
Estou me sentindo velha.
Perdi já o medo do escuro.
Hoje o que me assusta não fica embaixo da cama.
Nem tão pouco se esconde.
Perdi o sorriso amável de menina que vi hoje nas fotos...
O sorriso de quem precisava de tão pouco pra ser feliz.
Perdi a esperança em muitas pessoas,
quem sabe um dia minha esperança esteja renovada.
Perdi o medo de chorar,
Não mais me importo se alguém ver as minhas lágrimas.
Deixo claro que acostumei-me
A não mais esconder o que estou sentindo.
Estou me sentindo velha
E pouco me importa o que vão dizer se me verem chorando.
Velha, mas não cansada,
Não ainda!
Sei que tenho forças, apenas ainda não as encontrei.
Velha, talvez pela malícia da vida,
Esta que anda me chamando para vivê-la.
Já perdi o medo de não receber um sorriso de volta,
O sorriso ainda é meu, vida, não vai tirá-lo de mim.
Cansada apenas de não fazer o suficiente,
Pedem-me paciência.
Esta que a tempos me falta.
Esta que esqueci de vestir na hora de sair de casa.
Velha por querer fazer agora
Viver agora
Sorrir agora
Pois de tão velha (na minha cabeça)
Me falta tempo de fazer isso amanhã
Talvez ele nem chegue - Já não conto com sua chegada.
Velha, talvez pelo mau gosto no costume de ser muito bobinha.
Costume ainda mais velho que eu.
-Quem sabe ele faça parte de mim,
com o tempo estou o deixando de lado-
Ainda não sei.
Sei que estou me sentindo velha
Apesar da minha ainda pouca idade
E do pouco e imenso conhecimento que obtive
Talvez não me falte conhecer muito
Ou talvez me falte todo o conhecimento do mundo.
Estou ainda meio estranha,
Não me acostumei com o corpo e vida de hoje
São coisas que mudam tão rápido que quando a gente
Se acostuma - Mudam de novo.
Gosto de ver essas mudanças de perto
Melhor do que não ver quando elas se aproximam.
Tudo que acontece rápido demais, assusta - mas só na aparência.
Muitas vezes a velocidade com que as coisas acontecem não alteram em nada.
Disseram-me que com pouca idade não se vive nada ainda,
talvez seja.
Mas sei algumas coisas que muitos de vocês, "crescidos", não souberam aprender.
Já ouviram falar em experiência?
Pois é ela acontece de formas e tempos diferentes para cada pessoa.
A diferença é que alguns aprendem, outros não.
Sou velha na minha cabeça e mesmo que fosse velha de verdade e nada tivesse aprendido
Eu não seria realmente velha.
Seria apenas aquela folha de papel esquecida
Onde nada foi anotado durante a aula.
Ainda não parei pra medir minhas palavras,
quando dá na cabeça, escrevo.
Minha escrita é mais corajosa do que eu mesma.
Estou me sentindo velha
Mas não em idade.
Velha, mas não por cansaço.
Simplesmente velha, desconhecida.
Velha, esquecida.
Autora: Alana dos Santos Nascimento
Escrito em: 25/08/2013

